A General Electric (GE), a histórica empresa com origens no final do século XIX pela parte do inventor americano Thomas Edison, é hoje um grupo consolidado com interesses bastante diversificados por sectores e por países. Os seus negócios dividem-se em 5 unidades: Infra-Estruturas Tecnológicas; Infra-Estruturas Energéticas; NBC Universal; Consumo e Indústria; e Serviços Financeiros e de Capital. Esta última unidade é a maior representando 55% das vendas totais do grupo.
A área de infra-estruturas é o principal veículo de crescimento do grupo, com boas perspectivas de evolução e excelente performance operacional. Nestes segmentos, o grupo procura produzir itens derivados de engenharia altamente especializada como motores de jactos ou turbinas de centrais eléctricas, para mercados de grande dimensão com amplas oportunidades de expansão. A GE encontra-se especialmente bem posicionada no sector das infra-estruturas energéticas e em particular no fabrico de componentes produtores de energias mais limpas e renováveis que se encontram em franco crescimento. A comprová-lo está o compromisso recente da administração Obama em aplicar 15 mil milhões de dólares nesse sector, dentro do seu plano de estímulo para a economia americana que deverá beneficiar claramente a GE.
Metade das vendas do grupo deriva do segmento financeiro que tem sofrido bastantes problemas nos últimos meses sendo mesmo o responsável pela pobre performance da acção nesse período. A GE Capital Services gere um balanço de aproximadamente 700 mil milhões de dólares de activos. O rating de AAA do grupo permite a este segmento financiar-se em condições bastante favoráveis podendo, consequentemente, obter excelentes spreads nos empréstimos que faz aos seus clientes. No entanto, a recente crise de crédito e recessão económica aumentou consideravelmente os empréstimos em incumprimento tendo penalizado bastante os últimos resultados trimestrais. Será de esperar igualmente um retrocesso temporário nas encomendas provindas de projectos infra-estruturais.
As vendas totais do grupo deverão manter-se em relação a 2008 embora as margens de lucro operacional possam recuar em 2009. A empresa, muito recentemente, viu-se obrigada a cortar o seu dividendo (representando agora 4.7% da cotação) como medida preventiva para conservar dinheiro para tempos mais difíceis. Existe ainda o risco de a empresa ver seu rating de crédito cortado como consequência do agravamento das condições dos mercados de crédito.
Com todas esta nuvens cinzentas a pairar sobre o título, a sua cotação tem sido extremamente penalizada (fechou na passada sexta-feira dia 27/02 a 8.51$) estando a transaccionar a um desconto considerável, em termos de PER (Price Earnings Ratio), em relação ao S&P500, o maior índice americano, quando, historicamente, a GE sempre transaccionou a prémio, demonstrando as suas qualidades de empresa de fundamentais estáveis, diversificada e de crescimento. Na figura anexa podemos verificar a performance histórica da empresa em termos de crescimento de resultados líquidos (crescimento de 10%/ano nos últimos 19 anos) e, nomeadamente, a forma de como se comportou em recessões anteriores. Sem dúvida, uma excelente empresa com um desconto considerável que dará ao investidor em valor uma margem de segurança apreciável, sendo garantia de excelente retorno para os próximos anos. O foco na investigação e desenvolvimento e a capitalização das sinergias internas do grupo continuam a posicioná-lo no futuro e em mercados de grande crescimento.
Hugo Roque