terça-feira, março 30, 2010

Plano Inclinado - Poupança

A importância da poupança, da redução do endividamento, do controlo da dívida do estado.

terça-feira, março 23, 2010

Confessions of a Value Investor - A Few Lessons in Behavioral Finance By Sanjay Bakshi

Uma excelente apresentação sobre Behavioral Finance, um ramo da economia que vem ganhando cada vez maior destaque, e que neste caso específico em que se debruça sobre o campo do investimento, procura demonstrar que o típico investidor é um ser não muito racional mas muito mais racionalizante, colocando em causa a teoria dos mercados eficientes e os seus pressupostos. Sem dúvida um tema muito relevante para a estratégia de qualquer investidor em valor.

Apresentação

segunda-feira, março 22, 2010

A Poupança

Nunca, como no passado recente, se discutiu tanto acerca da necessidade de poupar. Na verdade, a recente crise financeira e consequente grave recessão económica, resultante de muitos excessos dos mercados de crédito, veio contribuir para alertar os agentes económicos para uma função essencial que cumpre a todos salvaguardar: a Poupança. Velhos ditados dos nossos pais e avós provam que a sabedoria popular é sábia e realista neste aspecto da vida quotidiana: “Quem poupa, sempre tem.”, “Quem poupa o que tem, não mendiga o de ninguém.”, “No poupar é que está o ganho.”

Vários factores, exacerbados pela recente crise, contribuíram para alertar as sociedades para este desígnio cada vez mais fundamental. Desde logo, a necessidade de reduzirmos, a curto prazo, o elevado nível de endividamento (superior ao rendimento disponível, para as famílias) que havíamos incorrido recentemente como consequência de um clima geral económico estável, taxas de juro extremamente baixas e facilidades tremendas na contratação de créditos. É importante, agora, que as famílias recomponham os seus “balanços” familiares, readequando o nível de activos e proveitos que possuem para com as dívidas e despesas que suportam. Para tal deverão contribuir as condições macroeconómicas actuais, de baixa inflação e de juros reduzidos, que permitirão uma maior folga dos orçamentos familiares; as transferências do sector público para as famílias, relacionadas com o aumento automático das prestações de subsídios de desemprego e outras prestações de natureza social; também o regresso obrigatório de algum bom senso por parte dos consumidores que se estão a tornar muito mais ponderados nos seus actos de consumo, particularmente de bens de consumo duradouro; e a fundamental introdução de novas regras no sistema financeiro de forma a evitar que a ganância de alguns coloque em perigo a sustentabilidade das poupanças de todos. De acordo com o Banco de Portugal no seu Boletim Económico de Outono 2009, o aumento de algumas componentes relevantes do rendimento disponível “traduziu-se numa significativa subida da taxa de poupança em 2009, reforçando o seu ligeiro aumento verificado em 2008 e contrariando a tendência de descida ao longo da última década”.



A proporção da poupança no rendimento disponível das famílias aumentou significativamente, passando de 6,2%, em 2007, para 8,6% no final do primeiro semestre de 2009.
Fonte: INE e Banco de Portugal


A importância da Poupança é também justificada pela cada vez mais certa decadência do sistema de segurança social a longo prazo, em virtude da alteração da estrutura da pirâmide etária (aumento da idade média de vida, diminuição da natalidade e menor número de pessoas em idade activa); dos elevados défices incorridos por sucessivos governos, e agravados igualmente pela recente crise, que contribuíram para o aumento galopante da dívida do estado (estimada em 86% do PIB para o corrente ano), e que se traduzirá necessariamente e a prazo, num menor grau de liberdade por parte do orçamento do estado para suportar aumentos de prestações sociais; a fraca competitividade da economia nacional relativamente aos principais parceiros comerciais europeus mas também em relação às grandes economias emergentes, e que são concorrentes directos de muitas das nossas exportações, limita enormemente o potencial da economia e, como consequência, da saúde das contas nacionais, das famílias e do estado. Estes factores vão obrigar os contribuintes a pensarem, cada vez mais seriamente, em programas de poupança individual que compensem a já quase certa redução violenta das prestações de reforma. As reformas do sistema são recorrentes, e de acordo com estudos relativos à mais recente reforma, um cidadão que se reforme em 2050 pode ter direito a uma reforma equivalente a menos de 50% do seu ordenado.

A Poupança é importante hoje, como sempre foi, também porque faz sentido. Porque as circunstâncias da vida poderão exigir algum esforço financeiro momentâneo que não poderá ser correspondido se não constituirmos uma Poupança. Ou porque, no futuro, podemos desejar comprar ou trocar de casa, dar a oportunidade aos filhos de receberem uma boa educação ou querer manter o nosso nível de vida depois da reforma. É através da poupança que nos preparamos para enfrentar despesas futuras, previstas ou imprevistas. É um instrumento financeiro indispensável e que permite, se houver disciplina, alcançar os seus fins. No entanto, a poupança implica um plano de longo prazo para ser bem sucedido. Devemos contar com um período de tempo razoável para termos maior probabilidade de concretizar os objectivos.

Existem várias formas de poupar, mas o mais importante será perceber desde logo quais são os objectivos a cumprir a prazo, entender quanto se consegue poupar periodicamente, e ajuizar qual o melhor plano para a aplicação das poupanças, ou seja, qual a melhor combinação rentabilidade-risco que melhor se adequa ao perfil de investimento. Quanto menor o prazo para o objectivo em questão, menor o risco que se deve incorrer em termos do veículo de investimento. No entanto, quanto maior o prazo, maior a probabilidade de conseguir boas rentabilidades para as poupanças, se optar por opções de investimento mais rentáveis a prazo, como por exemplo uma carteira diversificada de acções, cuja performance a prazo em média ultrapassa todos os restantes instrumentos financeiros, e por uma filosofia de investimento disciplinada que limite os riscos, como o Investimento em Valor. Depois, é uma questão de aproveitar o potencial da capitalização de juros no longo prazo, que foi apelidada por Albert Einstein como sendo a força mais poderosa do Universo. Em baixo deixamos um pequeno quadro demonstrativo da relevância da escolha de um bom meio de investimento que seja capaz de salvaguardar, a prazo, uma boa taxa de retorno anual.



Iniciando com uma poupança de 50.000 euros, verificamos que, por exemplo, quem conseguir capitalizar o seu dinheiro a uma taxa de 15%/ano acaba no 10º ano com 184.688,51 euros, o que se pode comparar com um valor final de 60.949,72 euros para quem conseguir uma rentabilidade média anual de 2%/ano. Ou seja, uma rentabilidade mais de 12 vezes superior. Uma diferença significativa.

Disclaimer: Este comentário consiste unicamente numa opinião do autor e nunca uma recomendação de compra ou venda. As compras e as vendas são da responsabilidade do investidor, bem como os lucros ou as perdas daí resultantes. Em caso de dúvida, o investidor deverá procurar contactar um intermediário financeiro, a Euronext ou a CMVM.

Hugo Roque

sexta-feira, março 05, 2010

EDP

A EDP - Energias de Portugal, SA gera, abastece e distribui electricidade e gás em Portugal e Espanha. A empresa, através de subsidiárias, possui igualmente negócios de distribuição, produção e fornecimento de energia eléctrica no Brasil e operações de geração de energia eólica em, entre outros países, Espanha, Portugal, França, Bélgica, Estados Unidos.

A empresa apresentou os seus resultados relativos ao ano de 2009 na passada Quinta-Feira, dia 4 de Março. A Energias de Portugal anunciou que os resultados líquidos do ano passado desceram 6,2% para 1,024 mil milhões de euros. A queda dos lucros é explicada sobretudo pelo facto de em 2008 a companhia liderada por António Mexia ter obtido um ganho de capital não recorrente de 405 milhões de euros resultante da dispersão da EDP Renováveis em bolsa nesse ano. Em termos recorrentes, ou seja, excluindo ganhos os perdas extraordinários, os lucros de 2008 foram de 925 milhões de euros, pelo que no ano passado foi a primeira vez que a eléctrica obteve lucros recorrentes acima de mil milhões de euros, representando, deste modo, uma subida de 10,7%, com a empresa a beneficiar de melhorias operacionais dos seus negócios, menores custos com pagamento de juros e perdas menores em participações financeiras.

O EBITDA em termos recorrentes da EDP, ou seja, os resultados operacionais (antes de juros, impostos e amortizações), subiu 13% para 3,361 mil milhões de euros. A empresa destacou que no quarto trimestre o aumento do EBITDA foi de 19%, sendo que as actividades liberalizadas na Península Ibérica e o negócio de energia eólica foram os que mais contribuíram para a melhoria operacional no ano passado.

A actividade da EDP, em termos de resultados EBITDA, encontra-se dispersa da seguinte forma: 19% em actividades liberalizadas de energia na península ibérica; 16% no Brasil através da sua participada Energia do Brasil; 16% relativos às operações de energia eólica; 25% em actividades reguladas de energia na península ibéria; e 24% em contractos de geração de energia de longo prazo na península ibérica. Ou seja, um total de 81% dos resultados da EDP deriva de actividades reguladas, o que se traduz num carácter muito estável e previsível da sua actividade. Mais de 50% dos resultados da EDP já têm origem fora de Portugal providenciando diversificação e flexibilidade operacional à empresa.

Em termos de perspectivas de crescimento, a EDP concentra os seus investimentos na área das energias renováveis através da sua participada, a EDP Renováveis, onde detém uma posição de 75%, e que é a 4ª empresa mundial do sector. Em 2009 a empresa investiu 3,285 mil milhões de euros, dos quais 2,556 milhões foram para expansão das actividades correntes, sendo o restante investimento de manutenção. Do total dos investimentos de expansão, cerca de 83% foram direccionados para a área das renováveis, demonstrando o comprometimento da empresa para investir nesta área, nomeadamente para expansão da capacidade de produção de energia eólica (nos Estados Unidos, Espanha e na restante Europa) e de energia hídrica através da construção e expansão de barragens em Portugal. Estes investimentos possuem ainda a vantagem de se enquadrarem em áreas que têm sido e vão continuar a ser bastante apoiadas por muitos governos de países desenvolvidos. Até 2011 a EDP promete investir cerca de 3 mil milhões de euros por ano com o objectivo de reforçar decisivamente as suas posições nos mercados onde se encontra instalada.

Estes investimentos têm contribuído para o aumento da dívida de empresa que em 2009 se encontrava nos 14 mil milhões de euros tendo subido 100 milhões em relação a 2008. Apesar do investidor em valor ser avesso a elevados níveis de endividamento, e necessário ressalvar que, no caso da EDP, a empresa possui negócios geradores de cash flows regulares e de elevada previsibilidade pelo que o nível de risco de incumprimento do serviço da dívida é mais baixo, sendo traduzido por um rating de risco de crédito, por parte das principais agências de rating, de A-. A empresa possui dinheiro em caixa e equivalentes no balanço da ordem dos 2,3 mil milhões de euros e linhas de crédito também no mesmo montante. As necessidades de refinanciamento para os próximos 2 anos são mínimas, pelo que a empresa se encontra numa situação financeira bastante confortável para poder avançar com os investimentos que tem planeados.

A empresa propôs um dividendo relativo aos resultados de 2009 de €0,155 por acção o que representa um aumento de cerca de 11% em relação aos €0,14 que foram distribuídos no ano anterior. Este valor traduz-se numa taxa de dividendo bruta de cerca de 5,5%, consideravelmente superior a qualquer remuneração de qualquer depósito a prazo disponível no mercado, sujeito à mesma taxa de retenção de imposto (20%) e com o potencial de ser aumentado no futuro caso os investimentos da EDP se traduzam em maiores lucros o que pode conduzir, também, a uma valorização do capital investido por via da apreciação do valor das acções.

A cotação da EDP foi afectada na últimas semanas pelos receios que a crise da Grécia, relacionada com o elevado nível de endividamento no país, se pudesse alastrar para Portugal, e ainda pelo facto de a Iberdrola, um dos maiores accionistas individuais da EDP, ter vendido 2,7% da empresa. A cotação da empresa que se encontrava confortavelmente acima dos 3 euros caiu, chegando a fazer um mínimo em fecho de cerca de €2,68, representando um PER (a relação entre o preço a que a empresa está a cotar e os lucros que gera) de 10 vezes os resultados estimados para 2010. Por um lado, os mercados já começam a distinguir um pouco mais a situação da Grécia da situação de Portugal e o Plano de Estabilidade e Crescimento que deverá ser apresentado em breve pelo governo português deve conseguir apontar um rumo para a consolidação orçamental até 2013 e convencer as autoridades europeias. Por outro lado, a Iberdrola prontamente clarificou que a sua posição actual na EDP (6,8%) é para manter, pelo que não serão de esperar mais alterações relevantes, a curto prazo, na estrutura accionista da EDP que conta, para além da Iberdrola, com o Estado (20,49%), a Caixa Geral de Depósitos (5,24%), a Caja de Ahorros de Asturias (5,01%) e a José de Mello - SGPS (4,82%), como maiores accionistas.

Para o investidor em valor que está atento às oportunidades que o mercado lhe proporciona, esta é uma boa ocasião para se adquirir um óptimo negócio, com uma gestão bastante competente, a um preço bastante razoável, que proporciona um rendimento bastante atractivo e com boas possibilidades de valorização. A EDP é a empresa de referência nacional e tendo sido distinguida, ainda na semana passada, como a marca portuguesa mais valiosa. Segundo o estudo “Top Portuguese League Table”, da Brand Finance, a marca EDP foi avaliada em cerca de 3,3 mil milhões de euros. No ranking das 500 maiores marcas do mundo a EDP aparece na posição 192º, sendo a marca portuguesa melhor posicionada. Uma excelente marca e um excelente investimento.

Disclaimer: Este comentário consiste unicamente numa opinião do autor e nunca uma recomendação de compra ou venda. As compras e as vendas são da responsabilidade do investidor, bem como os lucros ou as perdas daí resultantes. O Autor pode ter, e provavelmente tem, posições nos títulos referidos. Em caso de dúvida, o investidor deverá procurar contactar um intermediário financeiro, a Euronext ou a CMVM.

Hugo Roque

Carta Anual de Warren Buffett aos Accionistas

Todos os anos Warren Buffett publica a sua tão aguardada carta aos accionistas da Berkshire Hathaway onde faz considerações sobre os negócios da sua empresa, sobre a sua filosofia de investimento, sobre a economia em geral e sobre a sociedade e a política do seu país e do mundo. A não perder.

Link

Para quem procura cartas de anos anteriores pode encontrá-las também no site da Berkshire Hathaway, aqui.