terça-feira, janeiro 20, 2009

A Oportunidade Actual de Investimento

Por todo mundo têm sido implementadas medidas de estímulo à economia sem precedentes na história, sob a forma de pacotes financeiros e fiscais, cortes de taxas de juro para níveis mínimos históricos por parte dos bancos centrais e injecções de liquidez no sistema financeiro mundial. Estas medidas demoram alguns meses a terem efeito nos indicadores macroeconómicos e a devolverem a confiança a consumidores, investidores, empresários e demais agentes económicos.
Não obstante, esta é uma das melhores ocasiões de investimento das últimas décadas e deverá produzir retornos substanciais para quem aproveitar as oportunidades, tiver paciência e esperar pelo dissipar do medo. Algumas observações sobre o mercado americano poderão elucidar e colocar em perspectiva o momento extremo que se vive nos mercados mundiais e que deverão ser indícios de um mercado substancialmente subavaliado:

- A taxa de dividendos (dividendos das empresas a dividir pela sua capitalização bolsista) do S&P500, maior índice accionista dos Estados Unidos da América, já ultrapassa a taxa de juro das obrigações do estado a 10 anos, o que significa que investir em acções produz, em dividendos, um retorno maior que o investimento em obrigações do estado, apesar de existir a probabilidade de os dividendos e o capital investido apreciarem no longo prazo. Esta análise não leva ainda em conta a remuneração do accionista por intermédio de programas de recompra de acções que nos últimos anos tem ganho cada vez maior destaque.


- O retorno das acções de maior capitalização nos últimos 10 anos é, neste momento, negativo – algo que ocorreu unicamente em duas outras ocasiões, em 1938 e em 1939. Este dado indica que os retornos das acções foram severamente punidos nos últimos anos, sendo indício de um mercado bastante subavaliado.
- O índice de volatilidade do S&P500, o VIX, atingiu o seu valor máximo em Novembro do ano passado, demonstrando os movimentos extremos que têm sucedido no mercado. Por exemplo, em 2008 tivemos 18 sessões com o S&P500 a fazer variações superiores a 5%. Entre 1956 e 2007, só encontramos 17 ocasiões em que isso sucedeu. Estes são indicadores da enorme incerteza que existe no mercado e do medo que se encontra instalado.
- A desvalorização dos activos deu origem, igualmente, ao ciclo vicioso da desalavacagem de activos causada por sucessivas vendas de acções, obrigações ou futuros por parte de institucionais e particulares, para cumprimento de margin calls.
- O montante de dinheiro colocado de lado por particulares subiu para um valor superior ao valor total da capitalização das acções americanas. Investidores institucionais também continuam a deter largas reservas de dinheiro nos fundos que gerem apesar de reconhecerem o mercado de acções como muito subavaliado.
- As compras de acções por parte das administrações e directores das empresas aumentaram muito, sinalizando boas oportunidades que muitos negócios saudáveis e estáveis estão a proporcionar.
- Grandes investidores em valor, como Warren Buffett, já fizeram elevadas compras de acções neste ambiente.

Warren Buffett, o melhor investidor e homem mais rico do mundo, escreveu, a 17 Outubro, no New York Times um artigo intitulado “Buy American. I Am.” Nele, Buffett explica que este é um óptimo momento para investir relembrando um dos seus lemas de investimento: “Ter medo quando os outros são gananciosos e ser ganancioso quando os outros têm medo”. Explica que não sabe quando o mercado vai recuperar mas que provavelmente será antes de o sentimento e a performance da economia se alterarem. “No longo prazo as notícias para o mercado de acções serão boas”. As acções, com grande certeza, terão melhor desempenho do que o dinheiro ou aplicações próximas de dinheiro, e provavelmente com grande destaque. Warren Buffett apenas em três ocasiões anteriores fez artigos semelhantes declarando expressamente uma opinião sobre o mercado. Em todas essas ocasiões demonstrou, a prazo, estar correcto.



Charlie Munger, sócio de Warren Buffett, e outro grande investidor em valor fez um discurso onde afirmou: “Estamos a preparar uma base para uma valorização das acções de 10-15 anos. O mercado de acções nunca teve um desempenho tão mau como nos últimos 10 anos e, no entanto, a expansão dos lucros das empresas nunca foi tão boa”.
Christopher H. Browne dos Tweedy Browne Funds afirmou “Estamos a ver, em todo o mundo, negócios com grandes fundamentais a desvalorizarem para valores irrazoáveis criando oportunidades para o capital paciente e de longo prazo”.
Wallace Weitz dos Weitz Funds declara que: “Aos níveis de hoje, nós acreditamos que investidores pacientes e disciplinados (com estômagos fortes) têm grande probabilidade de auferirem excelentes retornos nos próximos anos”.

Esperamos, também, que a tomada de posse de hoje do novo presidente americano Barack Obama, seja mais um dos factores de estímulo da confiança dos investidores.

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