quinta-feira, janeiro 15, 2009

A Crise Económica

A crise económica actual tem a sua génese na crise do subprime norte-americano, a crise do crédito de alto risco. O relaxamento dos critérios de concessão de crédito, a estruturação de produtos financeiros complexos e a bolha do mercado imobiliário, criaram um mercado suportado por expectativas irrealistas não sustentáveis. A subida das taxas de juro conduziu ao rebentamento da bolha do mercado imobiliário e as falências de hipotecas aumentaram significativamente. Com a queda do mercado imobiliário deixou de ser possível por parte dos bancos, em caso de impossibilidade do pagamento do empréstimo, a venda do colateral do empréstimo (a casa) a preços que cobrissem o valor do crédito concedido. Os produtos financeiros complexos que haviam sido comprados por bancos de todo o mundo originaram muitos prejuízos e debilitaram os seus balanços. Surgiu a crise financeira. Os bancos necessitaram de aumentos de capital para reforçarem os seus rácios de solvabilidade. O pânico passou para as pessoas que começaram a duvidar da segurança do seu banco. Grandes instituições financeiras mundiais faliram, foram nacionalizadas ou sofreram intervenções significativas por parte dos governos. Bancos centrais e governos foram obrigados a intervir rapidamente de forma a prevenir a estagnação dos mercados de crédito. A economia real foi e está a ser afectada por onda de redução brusca do endividamento, com o consumo e investimento a retraírem-se, o crédito ainda parado e a confiança dos agentes económicos abalada.

Crises Anteriores – Sem dúvida que esta é uma crise sem precedentes nas últimas décadas. Teríamos de recuar para os anos 30 para assistir uma crise financeira desta gravidade e até aos anos da Segunda Guerra Mundial para presenciar uma crise económica da magnitude da actual. Pesa embora a gravidade desta crise, ao longo do século XX tivemos as mais variadas crises económicas, conflitos militares e instabilidade política e, no entanto, o Dow Jones, principal índice accionista do mundo, subiu de 66 para 11497. Desde os anos 40 a média de duração das recessões económicas nos Estados Unidos é de cerca de 10 meses, sendo que a maior delas durou 16 meses (a actual vai com cerca de 12 meses). Geralmente, as acções fazem os mínimos 3 meses antes do final das recessões. A queda dos índices este ano (de mais de 40%) já suplanta e muito a queda média dos índices em anos de recessão (cerca de 20%) desde os anos 40.

Luz ao Fundo do Túnel – Os cortes de taxas e as garantias dadas aos bancos estão a contribuir para que os níveis das taxas de juros e spreads de crédito regressem gradualmente para valores mais razoáveis, indicando relativa estabilização nos mercados. A queda das taxas de juro interbancárias que se está a verificar deverão resultar, nos próximos meses, em quedas no valor prestações das casas e do crédito ao consumo, que vão significar mais dinheiro no bolso das famílias. Por todo mundo (União Europeia, China, Índia, Japão, …) têm sido anunciados planos de estímulo económico. Nos Estados Unidos, com a tomada de posse do novo presidente Barack Obama dentro de duas semanas, espera-se que venha a ser aprovado o maior pacote de estímulo económico de sempre. Estima-se, deste modo, que sejam os Estados Unidos a liderar a recuperação económica global. Também a forte queda do preço das matérias-primas significa menores custos de produção para as empresas e, no caso dos consumidores, a queda dos preços dos combustíveis traduz igualmente numa poupança imediata muito significativa.
O consenso dos economistas aponta para uma retoma económica a partir do segundo semestre de 2009. A estabilização do mercado imobiliário, do sistema financeiro e o regresso da confiança aos agentes económicos deverão ser agentes catalisadores para a recuperação.

A Crise Económica e o Investidor em Valor – O investidor em valor dá pouca relevância à envolvente macroeconómica preferindo concentrar-se na análise das empresas onde investe e os preços a que investe. De facto, os mercados caíram muito, as economias ressentiram-se imenso e vão continuar a ressentir-se, mas os fundamentais de muitos negócios estáveis e com valor continuam fortes e com boas perspectivas, aliados ao facto de estarem a cotar a preços extremamente convidativos. No próximo artigo, analisaremos mais em pormenor a avaliação actual dos mercados e as excelentes oportunidades de investimento que estão a proporcionar, bem como as opiniões dos mais bem sucedidos investidores do mundo sobre o momento actual dos mercados e as razões que os levam a apontar esta como um dos melhores ocasiões de sempre para investir em acções.

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